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Comunicação de Risco

Chef durante a preparação de peixe-balão.

A tetrodotoxina (TTX) é uma toxina natural responsável por intoxicações humanas. A sua forma habitual de toxicidade é via ingestão de peixe-balão contaminado, sendo este peixe consumido especialmente no Japão. Representa um agente major de intoxicação alimentar por toxinas animais naturais. [1, 2]

A TTX é uma das neurotoxinas mais potentes conhecidas, dado que é 1200 vezes mais tóxica para o Homem do que o cianeto e 10000 vezes mais letal. A dose letal é de cerca de 1-2 mg para adultos. Não há antídoto conhecido e o grau de envenenamento depende da quantidade de TTX ingerida, do tempo após ingestão, do estado de hidratação do corpo e do estado geral de saúde da vítima antes da intoxicação. O envenenamento por TTX em certos grupos de indivíduos, como por exemplo em indivíduos que sofram de neuropatia diabética, pode conduzir a graves efeitos sinérgicos. [1, 3, 4]

O que está recomendado em caso de ingestão é que se procure ajuda médica de imediato, que se administre oxigénio suplementar com ventilação assistida se for necessário e que não se induza o vómito.

Relativamente aos cuidados médicos, a lavagem gástrica é recomendada apenas se se for possível fazê-la pouco tempo depois da ingestão (1 hora) e se a quantidade de tetrodotoxina ingerida colocar o indivíduo em risco de vida. A função cardíaca deve ser monitorizada e é necessário ter atenção a sinais como hipotensão, disritmias e depressão respiratória. É necessário ainda despistar hipoglicemia, distúrbios eletrolíticos e hipoxia. [5]

A TTX é estável à temperatura, luz e ácido e não se degrada por processos de cozinha convencionais, já que é solúvel na água e resistente à temperatura. Assim, o peixe-balão deve ser cozinhado por chefes especialmente treinados para assegurar que as partes perigosas (particularmente o fígado, os ovários e a pele) são excisados antes de ser servido. [1, 2]

No Japão está estabelecido um limite de 2 mg eq TTX/kg e a preparação de peixe-balão é estritamente controlada por lei. Na Europa, apesar de ser considerada uma toxina emergente, continua por regular. No entanto, de acordo com a legislação atual da União Europeia, os peixes da família Tetraodontidae ou produtos derivados dos mesmos não devem ser comercializados nos mercados. [3]

Referências

 

 

[1] Bane, V., et al., Tetrodotoxin: Chemistry, Toxicity, Source, Distribution and Detection. Toxins (Basel), 2014. 6(2): p. 693-755.

[2] Tsujimura, K. and K. Yamanouchi, A rapid method for tetrodotoxin (TTX) determination by LC-MS/MS from small volumes of human serum, and confirmation of pufferfish poisoning by TTX monitoring. Food Addit Contam Part A Chem Anal Control Expo Risk Assess, 2015. 32(6): p. 977-83;

[3] Lago, J., et al., Tetrodotoxin, an Extremely Potent Marine Neurotoxin: Distribution, Toxicity, Origin and Therapeutical Uses. Mar Drugs, 2015. 13(10): p. 6384-406;

[4] Leung, K.S.Y., B.M.W. Fong, and Y.K. Tsoi, Analytical Challenges: Determination of Tetrodotoxin in Human Urine and Plasma by LC-MS/MS. Mar Drugs, 2011. 9(11): p. 2291-303.

[5] CDC -Tetrdotoxin [Consultado a 27/04/2016]; Disponível em: http://www.cdc.gov/niosh/ershdb/emergencyresponsecard_29750019.html

Bruno Gregório

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Eliana Freitas

Tiago Macedo

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

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